Global Hydrogen Review 2025: evolução do hidrogénio mundial

A International Energy Agency (IEA) publicou o relatório “Global Hydrogen Review 2025“, que analisa a evolução do setor do hidrogénio a nível mundial.

O relatório salienta que o ritmo de desenvolvimento não está totalmente alinhado com as metas anunciadas no início da década, devido aos elevados custos, à incerteza da procura e aos atrasos em projetos e infraestruturas. Ainda assim, prevê-se que a produção de hidrogénio com baixas emissões aumente cinco vezes até 2030, passando de menos de 1% para cerca de 4% da produção total.

A China continua a ser líder em termos de capacidade instalada de eletrólise e produção de eletrolisadores, ao passo que a Europa, a Índia, o Japão e a Coreia implementam políticas para estimular a procura. O transporte marítimo é considerado um dos setores com maior potencial para a adoção de combustíveis à base de hidrogénio.

Principais conclusões do Global Hydrogen Review 2025 (IEA)
Procura global de hidrogénio

Em 2024, a procura global de hidrogénio atingiu cerca de 100 milhões de toneladas (Mt), representando um crescimento de aproximadamente 2% face ao ano anterior (2023). Contudo, o hidrogénio de baixas emissões, essencial para a descarbonização, continua a enfrentar desafios, representando menos de 1% da produção total de hidrogénio a nível mundial.

 

Produção de hidrogénio de baixas emissões & perspetivas até 2030

A produção de hidrogénio com baixas emissões registou um crescimento de cerca de 10% em 2024. Com base nos projetos que estão atualmente operacionais ou que já têm uma Decisão Final de Investimento (FID), estima-se que esta produção possa atingir 4,2 milhões de toneladas por ano (Mtpa) até 2030. No entanto, o pipeline de projetos anunciados sofreu uma redução significativa: os prognósticos anteriores apontavam para 49 Mtpa até 2030, um valor que foi revisto para 37 Mtpa devido a uma onda de cancelamentos, atrasos e incertezas no mercado.

 

Infraestrutura, custos e desafios de políticas

O custo de produção de hidrogénio de baixas emissões ainda é substancialmente superior ao do hidrogénio convencional, produzido a partir de combustíveis fósseis, o que constitui uma barreira significativa para a sua adoção. No cenário global, a China domina tanto a produção por eletrólise como a capacidade de fabrico de eletrolisadores. Contudo, o ímpeto de compra abrandou: os acordos de offtake (compromissos firmes de compra) para hidrogénio de baixas emissões caíram de 2,4 milhões de toneladas por ano (Mtpa) em 2023 para cerca de 1,7 Mtpa em 2024.

 

Regiões emergentes & perspectivas específicas

O Sudeste Asiático emerge como uma região com grande potencial, nomeadamente na produção de hidrogénio baseado em gás natural e para o seu uso em setores como o químico e o de amónia. Além disso, as infraestruturas portuárias e os clusters industriais localizados nas suas proximidades são identificados como locais estratégicos para impulsionar o crescimento e a adoção do hidrogénio de baixas emissões.

 

Investimento & inovação

Em 2024, o investimento em projetos de hidrogénio de baixas emissões rondou os US$ 4,3 mil milhões. Projeta-se que em 2025 este valor possa duplicar, subindo para cerca de US$ 8 mil milhões, com um foco particular no segmento dos eletrolisadores. Paralelamente, tecnologias novas e críticas, como o armazenamento, as aplicações de amónia em combustíveis para navios e o uso de hidrogénio para a produção de ferro de redução direta, estão a registar um avanço significativo nos seus níveis de prontidão.

Desafios e recomendações principais
  • Fechar a lacuna de custo entre hidrogénio “limpo”/de baixas emissões e o hidrogénio convencional, através de políticas de subsídio, incentivos fiscais ou mecanismos de suporte.
  • Acelerar compromissos de procura – ou seja, garantir que há compradores firmes para o hidrogénio produzido, para dar segurança aos investidores.
  • Expandir e simplificar infraestrutura (portos, transporte, armazenamento) para suportar a cadeia de valor do hidrogénio de baixas emissões.
  • Apoiar países emergentes para que não fiquem fora dessa transição, ajudando-os a desenvolver capacidades locais e inseri-los no mercado global.

 

Crescimento e Progresso Contínuo
  • Aumento Quíntuplo de Projetos: Apesar da recalibração das metas, os projetos já comprometidos (operacionais, em construção ou com Decisão Final de Investimento – FID) devem levar a um aumento de cinco vezes na produção de hidrogénio de baixas emissões até 2030, atingindo cerca de 4% do fornecimento global.
  • Liderança da China: A China é destacada como a líder mundial na implantação de hidrogénio verde, sendo a jurisdição mais competitiva em termos de custos.
  • Infraestrutura e Tecnologia:
    • A capacidade de fabricação de eletrolisadores cresceu quase seis vezes desde 2021.
    • Mais de 130 portos em todo o mundo estão agora posicionados para manusear combustíveis à base de hidrogénio, preparando o caminho para o abastecimento marítimo.
    • Obras para a reconversão de uma secção de 400 km de um gasoduto de gás natural na Alemanha começaram em 2025, num projeto pioneiro a esta escala.

 

Foco Regional (Destaque Especial)

Sudeste Asiático (Southeast Asia): O relatório inclui um capítulo especial sobre o Sudeste Asiático, reconhecendo o seu vasto potencial de energias renováveis para a produção de hidrogénio e a sua importância crescente na procura global, nomeadamente para a produção de amónia e metanol.

Conclusão do IEA: Um Desafio de Política, Não Tecnológico

A IEA reitera que o principal desafio para concretizar o potencial do hidrogénio não reside em futuras descobertas tecnológicas, mas sim nos desafios políticos do presente, como a necessidade de:

  • Criar mais certeza na procura (mercados de offtake).
  • Reduzir o diferencial de custos através de políticas de apoio e incentivos.
  • Harmonizar quadros regulamentares.

O relatório refere-se a Portugal no que diz respeito ao primeiro leilão two-way CfD para hidrogénio renovável, concluído em fevereiro de 2025. Foram selecionados oito projetos, com uma capacidade total de 120 GWh/ano (3,6 ktpa), o que equivale a cerca de 3% da procura nacional atual. O esquema prevê contratos com a duração de 10 anos e um orçamento de 140 milhões de euros.

 

Fontes: IEA; IEA1; IEA2; IEA3.

Imagem de destaque: freepik.

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